Depois do enorme esforço da Saúde para
lidar com o inesperado presente do surto de Legionella,
onde se destacou a classe, inteligência, sentido de Estado e pertinência da
comunicação de informação à população do Dr. Paulo Macedo, tinha de vir alguém
borrar a pintura: afinal estamos em Portugal.
E as inconveniências chegaram pela voz
do ministro do Ambiente que ontem, ao princípio da tarde, após a Saúde ter anunciado
ir fazer um comunicado sobre a eventual origem da contaminação a meio da tarde,
se apressou a aparecer na TV antes dos outros, para que o homenzinho e o seu
ministério pudessem aparecer na legítima fotografia do Ministro da Saúde,
esticadinhos e a espreitar por cima do ombro de quem ombreou com tudo isto na fase das chamas.
E o que veio dizer foi precoce e insuficientemente
fundamentado: mais valia que estivesse calado, pois o único, e aliás
previsível, efeito que produziu com o seu puxão de orelhas ao “crime ambiental”
foi o de desencadear, de imediato, erupções de ameaças com tribunais e pedidos de
indemnização por parte de uma população que ainda conta os mortos, receia pelos
doentes e a quem não foi dada, pelo tempo que tem de se escoar para que tal
aconteça, oportunidade para lamber feridas e serenar pesadelos.
Portugal: casos notificados de Legionella, 2004-2013. |
Mais valia que estivesse calado,
repito, e que dirigisse as reflexões para dentro da sua casa e para o
contributo que poderá ter tido, por via legislativa ou outra, no afrouxar da
vigilância sobre um problema que, mais cedo ou mais tarde (basta olhar com
atenção os gráficos da notificação da doença e os relatórios sobre a presença
da bactéria em entidades várias) iria explodir como explodiu.
Não é de um ambiente deste género que
necessitamos!
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