17 julho 2025
16 julho 2025
AMIGO INSEPARÁVEL
10 julho 2025
ESCADARIA PARA O PARAÍSO (Stairway to Heaven /Απολαύστε τον Παράδεισο)
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Asteria. |
Depois disso não mais tropecei ou ouvi falar em cinemas ao ar livre e, como vira acontecer um pouco com os circos, calculei que tivessem passado de moda e estiolado, extintos dos mapas pelos anos gelados em que todos os cinemas — quanto mais estes parentes pobres sem um tecto — foram cilindrados, primeiro pelos videoclubes, em seguida pelas cavernas alcatifadas das colmeias multiplex dos centros comerciais, e mais recentemente pela torrente sedentária e inesgotável do streaming caseiro.
Morreram portanto, pensava eu (ou melhor: nem sequer pensava no assunto), tinham-se transformado numa reminiscência apenas celebrada em documentários bem intencionados, ou em películas sentimentais, louvando e glosando os dias ingénuos e os bons selvagens, como Cinema Paraíso. Isto até à tarde em que, arrastando a minha mala com rodinhas pelos empedrados da cidadezinha de Rethymno (Rétimo, na tremenda tradução portuguesa), situada algures na costa Norte da ilha de Creta, topei no Cine Asteria, recinto nomeado segundo a deusa do mesmo nome, cuja etimologia do nome aponta para o muito apropriado significado de Estrela. Ali estava ele, à devassa dos meus olhos terrenos e incrédulos, pois cumpria todos os requisitos das coisas desusadas, ultrapassadas, kitsch, quiçá oníricas.
Voltámos uma noite, claro, curiosos e sentindo-nos prendados pela informação de que a fita em exibição (Megan 2.0) seria exibido no americano original e legendada em grego. A calmaria reinante no recinto era semelhante à da tarde em que ali espreitáramos a primeira vez, apenas havia agora uma senhora encaixada na bilheteira e as portadas castanhas do pequeno bar, pintado a amarelo, ao fundo da esplanada, tinham sido recolhidas para que todos os acepipes que devem adereçar uma sessão de cinema se expusessem no seu esplendor: havia popcorn, nachos, chips, cookies, oreo, amaretti e até nero, que é água em grego. Para além disso, apenas os gatos do costume, cirandando entre as mesas a ver o que poderia pingar. Também ainda era cedo e fôra escusado termo-nos apressado, como se a sessão das nove (haveria outra às vinte e três) pudesse esgotar; deste modo sentámo-nos na esplanada, vendo as vistas, isto é os gatitos, passeando, à falta de melhor, a ponta de uns dedos descaídos pelos lombos espinhados.
Quando a porta larga no muro se abriu para a sessão, acabámos por ser uma magra dúzia de pessoas espalhadas pelo recinto. A fita seria projectada na parede de cimento que separava uma das extremidades do espaço da rua e a plateia era ampla e confortavelmente mobilada por cadeiras de lona à realizador de cinema, cada par delas intercalada das restantes por uma mesa metálica de café, onde aguardava um cinzeiro de vidro.
Ao começar do filme, restava ainda claridade no firmamento e os sons soltos da rua chegavam-nos, sem cerimónia, por sobre a placa de betão do ecrã. Mas, sem aviso, a coisa aqueceu e as colunas rouquejaram e troaram um genérico que logo esbateu a proximidade do exterior, sem, no entanto, causar agitação nos gatos, que, prevendo a mudança de cenário das eventuais migalhas, se passeavam pelo recinto alheios ao tremeluzir das imagens e aos decibéis da banda sonora. Rapidamente lhes segui o exemplo, pois o filme era mau demais e o olhar foi-me sendo disputado pela envolvência, pela cor e macieza do céu que por ali andava a pousar-me os ombros sem pedir licença, um céu agora escuro e respeitador da concorrência, mas bem longe de se lhe poder chamar de breu, pois um azul mediterrâneo nunca se extingue, mesmo não havendo lua ou estrelas visíveis, como era o caso.
04 julho 2025
05 julho 2016
CONCERTO NUM MUSEU GREGO
© Pedro Serrno, Hydra (Grécia), Junho 2016.
07 junho 2016
21 julho 2015
KRYFO LIMANI (Porto Secreto)
Despeço-me com simpatia, votos de boa continuação e um feliz regresso à pátria. Acho que pediram comida a mais, mas isso caberá a eles descobrir quando tiverem de trepar os degraus de volta ao hostel onde estão alojados.
17 julho 2015
16 julho 2015
HYDRA, 6:00 A.M. (Larga a barca da aurora com um arcanjo ao leme)
14 julho 2015
ENTRETANTO EM HYDRA: NÃO NOS SABERÁ POR ACASO DIZER... (em 6 andamentos)
12 julho 2015
ENTRETANTO EM ATENAS... ENTRE O CÉU E A TERRA
07 novembro 2014
05 novembro 2014
A PRAIA EM KAMINI (The Beach at Kamini)
Kamini |
a água prateada
os cristais de sal
nas pestanas dela
O mundo inteiro
inesperado e a brilhar
o momento antes de Deus
te ter voltado para dentro
The sailboats
the silver water
the crystals of salt
on her eyelashes
All the world
sudden and shining
the moment before G-d
turned you inward
Leonard Cohen, Book of Longing, 2006.
Tradução: Pedro Serrano; Fotografia: © Pedro Serrano, Kamini, Hydra, Grécia, 2014.
UMA OFERTA IRRECUSÁVEL...
26 outubro 2014
THE LIGHT CAME THROUGH THE WINDOW
Note: "The light came through the window" is the first line of the first verse from the song "Love itself" by Leonard Cohen.
25 outubro 2014
AQUELA JANELA, VIRADA PRÓ MAR...
23 outubro 2014
21 outubro 2014
20 outubro 2014
05 julho 2014
ALMA & CORAÇÃO
© Fotografias de Pedro Serrano, Thyra (Grécia), Junho 2014. |