JAMILA MADEIRA... Assim, à primeira, parece o nome de uma serração de madeiras, em que um desvanecido proprietário aglomerou sílabas do nome dos filhos (JA, de Jacinto; e MILA, de Filomena) para obter um atraente nome para o negócio. Mas não, o pai desta Jamila é um crónico do Partido Socialista e a própria da Jamila, para além de sua filha, uma gema que ainda andava no liceu quando ingressou na Juventude Socialista (JS), esse aviário de talentos.
Pois, aí, na JS, Jamila fermentou, fermentou e saltou para o poder autárquico algarvio - como sabemos uma escola de excelência que transformou a região numa espécie de arrabalde de uma grande cidade que nunca se chega a encontrar -, saltou logo que pôde para a Assembleia da República e um dia, com grande surpresa de todos, eis que a vemos madrugar como Secretária de Estado da Saúde. E não uma Secretária de Estado qualquer, mas sim Adjunta da Ministra o que (havendo dois secretários), representa o cargo mais importante, poderoso e mais próximo da Ministra. Mas que atributos especiais teria a senhora para estar ali, para além da política e de uma luminosa passagem pela EDP e pela REN? Nada, que se soubesse. Encolhi os ombros e fiquei à espera: não é raro que os partidos no poder coloquem alguém do aparelho como secretário de estado, sobretudo de ministros ambíguos, uma espécie de pulseira electrónica para vigiar intenções e actividades de algum ministro mais independente ou recente no Partido.
Mas a senhora tomou posse, o tempo passou e, cá fora, nada se lobrigava: nem iniciativas, nem área de interesse; é que nem a própria senhora aparecia! Interessado no mistério ia perguntando aqui e ali, a gente atenta e que conhece o meio: "Ouve lá, afinal o que anda a Jamila a fazer?". Ninguém sabia, ninguém lhe conhecia pensamento, palavra ou obra. Um mistério total, opaco, impenetrável.
E eis que surge o abençoado Covid, esse anjo vingador, esse bisturi, esse sangrador; esse revelador que tanta evidência parda tem empurrado até à luz do sol; o terror dos 'rolhas' ou seja, daqueles que sonham em singrar na passadeira vermelha sem dar nas vistas ou correr o risco de ser removidos do cargo, e flutuam à tona mesmo quando os governos mudam.
E a Dr.ª ou Mestra Jamila (alguma destas coisas será) lá foi empurrada a aparecer, a partilhar responsabilidades, e eis que surge aos holofotes das Conferências de Imprensa do Ministério da Saúde com a pose azamboada de quem a tinham ido chamar à cama. Que se visse, durante essas prestações, encaixava a melena, balbuciava uns números, que lia de um papel; tropeçando no assunto e não fazendo nada que a senhora da linguagem gestual, por trás dela, ou a menina da recepção do Ministério, não pudessem fazer com igual brilho.
Uma bela manhã de Setembro, numa renovação-relâmpago de 5 Secretários de Estado 5, eis que o país toma conhecimento que Jamila foi de vela! Pelos vistos, Temido ter-se-á fartado, exigiu a saída e, simultaneamente, que o actual secretário de Estado menos importante (António Sales) passasse a desempenhar o papel dela. Ter alguém que ajude, que os tempos não vão doces! Percebe-se, digo eu. António Sales é da área (é médico), informado, sóbrio, e, nas tais conferências de imprensa, limita-se a dizer o que é necessário, não se perdendo em considerações sobre as suas netinhas ou sobre o modo de organizar um baile ou conduzir uma sardinhada em tempos de pandemia. Marta Temido, que não é parva, ter-se-á dado conta de como eram desiguais os pratos da balança...
Mas, estimada Jamila, não se preocupe com o futuro. Com a experiência de quase um ano na Saúde, de certeza que, mal a poeira assente, lhe arranjarão aí qualquer coisa como presidente de uma ARS, administradora de uma ULS ou de qualquer outra entidade terminada em S.
PS: Já dois dias depois deste texto publicado leio na comunicação social que há quem gema pelas coxias do aparelho do PS com a desfaçatez de Marta Temido em ter ousado pensar em demitir Jamila! Imagine-se, demitir uma tão vetusta personagem, que anda pelos corredores do partido praticamente desde que sabe ler. Que diabo, tal antiguidade é já um posto e dá-lhe direito a um voucher para vários cargos importantes que possam surgir na gestão do país! Como foi possível Costa ter alinhado em tal coisa? O aparelho do PS está chocado: é que se isto passa a ser permitido, ninguém jamais se pode considerar de pedra e cal em nenhum posto! E vindo de uma novata como Temido, uma quase independente?! A chatice está em que Temido não é assim tão descartável: obteve muitos votos para Costa em Coimbra nas últimas legislativas; o problema está em que Marta Temido (por bons e maus momentos) se foi tornando popular entre os portugueses nestes tempos difíceis do Covid19. Ao passo que a outra..., que se saiba tem apenas mau acordar, mau feitio e péssimo perder. Tudo isto fortalece a ideia, já aqui ventilada, que Jamila não era muito mais do que uma controleira de Temido, a tal pulseira electrónica para vigiar ministros problemáticos ou possivelmente não totalmente respeitadores da hierarquia e precedência partidária.
PS: Já dois dias depois deste texto publicado leio na comunicação social que há quem gema pelas coxias do aparelho do PS com a desfaçatez de Marta Temido em ter ousado pensar em demitir Jamila! Imagine-se, demitir uma tão vetusta personagem, que anda pelos corredores do partido praticamente desde que sabe ler. Que diabo, tal antiguidade é já um posto e dá-lhe direito a um voucher para vários cargos importantes que possam surgir na gestão do país! Como foi possível Costa ter alinhado em tal coisa? O aparelho do PS está chocado: é que se isto passa a ser permitido, ninguém jamais se pode considerar de pedra e cal em nenhum posto! E vindo de uma novata como Temido, uma quase independente?! A chatice está em que Temido não é assim tão descartável: obteve muitos votos para Costa em Coimbra nas últimas legislativas; o problema está em que Marta Temido (por bons e maus momentos) se foi tornando popular entre os portugueses nestes tempos difíceis do Covid19. Ao passo que a outra..., que se saiba tem apenas mau acordar, mau feitio e péssimo perder. Tudo isto fortalece a ideia, já aqui ventilada, que Jamila não era muito mais do que uma controleira de Temido, a tal pulseira electrónica para vigiar ministros problemáticos ou possivelmente não totalmente respeitadores da hierarquia e precedência partidária.
Nota: ARS - Administração Regional de Saúde; ULS - Unidade Local de Saúde.
Talvez tenha ainda que esperar um bocadinho, mas há ainda a considerar um emprego na Melo Saúde na Luz ou equivalente.
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