1. Com uma sobranceria a raiar a
cretinice, Paula Teixeira da Cruz, a actual ministra da Justiça, afirmou na
SIC, a uma Clara de Sousa minuto a minuto mais irritada com o que era obrigada
a ouvir, que a reforma da Justiça que se iria pôr em marcha no dia seguinte
seria a coisa mais fantástica dos últimos 200 anos, que nem o Marquês de Pombal...
Confrontada com a hipótese de se anteciparem problemas com a plataforma
informática (Citius), instrumento vital para o sucesso de toda esta revolução,
a ministra reagiu com condescendente assertividade, garantindo que tudo estava
a postos e testado e que essas reservas partiam da boca de gente mal
intencionada e que pouco ou nada percebia do assunto (Ordem dos Advogados, Sindicatos, magistrados e oficiais de Justiça).
“Sabe, Clara de Sousa”, dizia a mulher
afastando a oxigenada marrafa da testa com os dedos roliços, “tudo isto foi
profundamente estudado”, como quem diz que ‘isto não é coisa para ser entendida
ou alcançada por simples mortais como tu e os dos sindicatos’.
Depois foi o que se viu: há mais de
quinze dias que o Citius não funciona, que a confusão se instalou nos tribunais
e que não se consegue acesso a três milhões e meio de processos. Procedimentos que demoravam dois
minutos a resolver levam agora mais de meia hora. Quanto à ministra, essa
desapareceu do mapa, e manda agora alguns dos seus ajudantes enfrentar a
comunicação social. O que terá acontecido? Será que tomou consciência da
desgraça que gerou? Hum, tendo em conta o perfil da dama, o mais provável é que
a voz do dono lhe tenha soprado: “Tá calada por um bocado, Paulita, que andas a
dizer disparates a mais...”

2. Entretanto na Educação o panorama de
início do novo ano lectivo não é menos animador em termos de caos e de
protestos contra a inépcia e o pasmo do Ministério respectivo. Entre outras salgalhadas, Nuno
Crato, um matemático de formação, deixou que a vida dos professores fosse
decidida por fórmulas em que números absolutos fazem média com proporções, uma asneira
tão grossa que, mesmo na área médica, já se excluiram candidatos a especialistas
por causa disso mesmo! É que é pior do que somar alhos com bugalhos; é um
raciocínio que infecta tudo quanto se segue e torna tecnicamente insustentáveis as nossas decisões.
Confrontado com todo este novelo, o ministro, com aquele inalterado ar de
ruminante que lhe está na massa do sangue, acha que o ano escolar arrancou com
toda a normalidade...

Ó Educação, Ó Justica, quando chegará o periclitante dia em que
este país possa passar a ser governado por gente normal?
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