Há cerca de dois anos comprei um livro
de Colette (Gigi), publicado por uma
editora chamada A Sangue Frio. Dentro
do livro havia um marcador que publicitava um concurso literário: Ficções e
Pessoa. A coisa consistia em mandar para a editora, até ao final de Fevereiro
de 2013, um conto em torno de Fernando Pessoa, ficcionando o poeta ou um dos heterónimos.
Na altura, de partida para a Índia,
pensei que nunca seria capaz de escrever um conto com Pessoa como personagem,
Pessoa, um tipo tão cinzento e tão anónimo, sem acontecimentos de monta, sem
altos e baixios... Mas, depois, pus-me a pensar no meu heterónimo preferido, o
engenheiro Álvaro de Campos, e reli a sua poesia... E lá estava o Oriente e o Soneto Já Antigo, um falava da Índia,
outro de uma inglesa loura... Talvez que por ali... E parti para Goa, carregado
com uma ideia ainda muito vaga e um punhado de livros do Pessoa e sobre o
Pessoa.
Na Índia escrevi um conto com a
dimensão e o enquadramento estabelecido pelo regulamento do concurso,
ambientado entre Bombaim e Goa, locais por onde eu próprio me movia nesse
Janeiro de 2013.
Uns meses depois, recebi um mail da
editora comunicando que o meu conto (Ao
Sul das Coisas) tinha sido um dos
seleccionados para ser editado sob a forma de um livro de contos. A publicação
seria feita durante o ano de 2013, possivelmente no mês de Novembro, para
coincidir com o aniversário da morte do poeta. Chegou Novembro e nada...
Depois, quando já tinha esquecido praticamente o assunto e se ouviam rumores
sobre a falência da editora, eis que recebo mais mails reavivando o assunto,
enviando-me de volta o manuscrito do conto e sugerindo as costumeiras revisões
de pormenor e propostas de formatação, para que o texto final se encaixasse na
tal antologia de contos. Achei mesmo que, finalmente, aquilo ia andar para a
frente, tão confiante e activa se mostrava a senhora que comandava a editora.
Ia ser em 2014, a saída do livro, em
Novembro, para coincidir com o aniversário da morte do poeta... Entretanto
chegaram pedidos de dados para firmar o contrato, a cedência de direitos de
autor, a confirmação de autenticidade da obra, etc. E, tal como no ano anterior, nada; nada de nada; os mails (meus e
dos outros autores vencedores) ficando sem resposta, silêncio absoluto.
E assim, sinto-me completamente livre para vos deixar por aqui, no próximo post, quase comemorando o Natal, o conto Ao Sul das Coisas, cujo título é inspirado por um dos versos do extraordinário poema de Pessoa Lembro-me Bem do Seu Olhar, também atribuído ao heterónimo Álvaro de Campos.
E assim, sinto-me completamente livre para vos deixar por aqui, no próximo post, quase comemorando o Natal, o conto Ao Sul das Coisas, cujo título é inspirado por um dos versos do extraordinário poema de Pessoa Lembro-me Bem do Seu Olhar, também atribuído ao heterónimo Álvaro de Campos.
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