12 novembro 2012

TÓ ZÉ & A CHANCELERINA


Muito oportunamente, o jornal Público publicou hoje, dia da visita a Portugal da chanceler Ângela Merkel, um artigo do cidadão António José Seguro, prosa que percorri com a emoção que me assalta quando confiro o recibo das compras do supermercado.
Li o dito artigo à hora do almoço, pelo que a esta hora, um pouco depois do jantar, já nada recordo das relevantes asserções do cidadão a não ser que, às tantas, a mais de meio do texto, houve uma palavra que me sobressaltou, como se os meus olhos tivessem tropeçado. Mas continuei por ali fora, ruminando aquela prosa que bem poderia ter sido gerada por um processador de texto a quem previamente tivessem fornecido as palavras-chave “Portugal” – “Crise” – “Alemanha” – “Cidadania” – “Solidário”, até que, de novo, o meu tédio voltou a ser sobressaltado por aquele conjunto de sílabas... E uma outra vez, logo na linha debaixo. Seria uma ironia, pensei, será que o homem se atrevera a um toque de canela no copinho de leite? A sonoridade do termo fazia lembrar um pouco o cruzamento de uma salsicha com uma tangerina, será que poderia ser uma arremessada, uma arrevesada metáfora norte-sul?
Mas não, Tó Zé estava apenas a ser politicamente correcto quando interpelava Ângela como “chancelerina”, que pena! Provavelmente telefonara a Ana Gomes, mais habitué(e) a estas coisas da Europa, a acautelar-se:
“Ouve lá, ó Ana, como achas melhor que me dirija à Ângela? Presidenta ou chanceler...?”
“Chancelerina”, aconselhara, sem hesitar, a outra, “decididamente chancelerina, de outro modo podes vir a ser acusado de tratamento desigual dos géneros...”
“Quais géneros?”, perguntou Tó Zé, confuso, “olha que o Passos não me convidou para o almoço...”
“Não é desses, dos de deglutir”, respondeu Gomes de Bruxelas, “é dos outros, aqueles dos cromossomas...”
“E olha, chancelerina... como se escreve, é com SS?”, perguntou o interlocutor pouco seguro.
“Não, isso era antigamente, agora é com ‘c’ de companheirismo...”
“Ah”, disse Tó Zé, luzidio, “calculo que seja mais uma do acordo ortográfico! Confesso que ainda não o decorei todo...”


5 comentários:

  1. O homem assemelha-se a uma courgette, perdão, curgete

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  2. @ dJ e Zé, muito bem aja, digo haja, pelos vosso comentários. Bjs

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  3. Estou mesmo a imaginar o Tó Zé... e que bela escolha de imagens! Podiam estar a conversar um com o outro.

    Carol

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  4. @ Carol, sempre a considerá-la, madame PA. Besito

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