Muito oportunamente, o jornal Público publicou hoje, dia da visita a
Portugal da chanceler Ângela Merkel, um artigo do cidadão António José Seguro,
prosa que percorri com a emoção que me assalta quando confiro o recibo das
compras do supermercado.
Li o dito artigo à hora do almoço, pelo
que a esta hora, um pouco depois do jantar, já nada recordo das relevantes
asserções do cidadão a não ser que, às tantas, a mais de meio do texto, houve
uma palavra que me sobressaltou, como se os meus olhos tivessem tropeçado. Mas
continuei por ali fora, ruminando aquela prosa que bem poderia ter sido gerada
por um processador de texto a quem previamente tivessem fornecido as
palavras-chave “Portugal” – “Crise” – “Alemanha” – “Cidadania” – “Solidário”,
até que, de novo, o meu tédio voltou a ser sobressaltado por aquele conjunto de
sílabas... E uma outra vez, logo na linha debaixo. Seria uma ironia, pensei,
será que o homem se atrevera a um toque de canela no copinho de leite? A
sonoridade do termo fazia lembrar um pouco o cruzamento de uma salsicha com uma
tangerina, será que poderia ser uma arremessada, uma arrevesada metáfora
norte-sul?
Mas não, Tó Zé estava apenas a ser
politicamente correcto quando interpelava Ângela como “chancelerina”, que pena!
Provavelmente telefonara a Ana Gomes, mais habitué(e) a estas coisas da Europa,
a acautelar-se:
“Ouve lá, ó Ana, como achas melhor que
me dirija à Ângela? Presidenta ou chanceler...?”
“Chancelerina”, aconselhara, sem
hesitar, a outra, “decididamente chancelerina, de outro modo podes vir a ser
acusado de tratamento desigual dos géneros...”
“Quais géneros?”, perguntou Tó Zé,
confuso, “olha que o Passos não me convidou para o almoço...”
“Não é desses, dos de deglutir”,
respondeu Gomes de Bruxelas, “é dos outros, aqueles dos cromossomas...”
“E olha, chancelerina... como se escreve, é com SS?”, perguntou o
interlocutor pouco seguro.
“Não, isso era antigamente, agora é
com ‘c’ de companheirismo...”
“Ah”, disse Tó Zé, luzidio, “calculo
que seja mais uma do acordo ortográfico! Confesso que ainda não o decorei
todo...”
O homem assemelha-se a uma courgette, perdão, curgete
ResponderEliminarmuito divertido.
ResponderEliminarZé
@ dJ e Zé, muito bem aja, digo haja, pelos vosso comentários. Bjs
ResponderEliminarEstou mesmo a imaginar o Tó Zé... e que bela escolha de imagens! Podiam estar a conversar um com o outro.
ResponderEliminarCarol
@ Carol, sempre a considerá-la, madame PA. Besito
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