A conversação que podem espreitar no
vídeo aqui em baixo foi captada num café de uma das ruas principais da baixa do
Funchal e teve por protagonistas um casal de ingleses (David e Pauline) e uma
portuguesa.
Sobre esta última é forçoso que gaste
algumas palavras a caracterizá-la: pela pronúncia, por alguns termos usados (“oh
que carago!”) intui-se que é do norte do país, mas, pelo sotaque, pelo
conhecimento da cor local, percebe-se que reside há muitos anos na Madeira.
Para além disto, não conhece do inglês mais do que uma meia-dúzia de palavras
soltas, oh tão soltas: one, not, wife, speak, gold, many... Porém, como verão,
isso não a impede de manter uma animada, ininterrupta e fluente conversa com o,
por vezes, entupido e atónito casal britânico, demonstrando aquilo em que
acredito há muito: tudo vale a pena se a alma não é pequena ou, dito de outro
modo, eveything worths the pity if the soul is not small. Antes de vos entregar
ao prazer das imagens, transcrevo um excerto de uma filmagem da véspera, a qual optei
por não inserir pois o ruído do café torna-a demasiado difícil de seguir. Ficam as palavras, em volta do tempo meteorológico, muito instável nessa semana de bátegas
e enxurradas na Madeira:
“Pauline, agora not chuva, mas hoje de
manhã many chuva...”
A inglesa abana a cabeça, totalmente
de acordo.
“Hoje, five da manhã, chuva; mas agora: not chuva...”
David, sentado em frente, encrespa as
sobrancelhas de entendimento, diz:
“Yes, yes...”
Estimulada, a nossa amiga continua:
“Madeira, not chuva, às vezes good
chuva, mas no continente many chuva”. E vai desfiando pelos dedos os locais
mais açoitados pela inclemência: Porto, chuva; Lisboa, many chuva; Bragança,
Coimbra, tudo chuva... Mas aqui tempo bom, not chuva...”
Os ingleses concordam...
[Ponham o som no máximo, que o ambiente é ruidoso]
[Ponham o som no máximo, que o ambiente é ruidoso]
© Video de Pedro Serrano, filmado com câmara Leica V Lux-20. Funchal, Novembro 2012.
Também disponível no YouTube em http://youtu.be/vlig24VI8kU
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