Entretanto na cidade da Praia, enquanto espero por um prego-em-pão, o meu olhar, bêbado do azul que o mar sempre reflecte quando em presença excessiva, topa em duas rodas sobrepostas, cinzeladas em pedra vulcânica, claramente uma mó de moinho. Quando a menina se chega com o prego e o Sumol de ananás, pergunto:
"Foi mesmo de um moinho ou é só uma imitação?"
"Foi mesmo de um moinho, ela já funcionou, mas agora está aqui como recordação", respondeu numa língua espantosamente semelhante à minha, demorando um pouco os rr de recordação, que rolou na boca como um gorjeio de rola.
Depois, quando a pedi com o aceno do costume, trouxe-me um talão de conta em euros e em escudos caboverdianos. Paguei em euros - acabei de chegar ao país - e ela devolveu-me o troco em escudos.
© Fotografias de Pedro Serrano, Praia (Cabo Verde), Março 2011.
"Foi mesmo de um moinho ou é só uma imitação?"
"Foi mesmo de um moinho, ela já funcionou, mas agora está aqui como recordação", respondeu numa língua espantosamente semelhante à minha, demorando um pouco os rr de recordação, que rolou na boca como um gorjeio de rola.
Depois, quando a pedi com o aceno do costume, trouxe-me um talão de conta em euros e em escudos caboverdianos. Paguei em euros - acabei de chegar ao país - e ela devolveu-me o troco em escudos.
© Fotografias de Pedro Serrano, Praia (Cabo Verde), Março 2011.
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