Na
Praia de Chesil (publicado em
Portugal pela Gradiva) é, na minha opinião, a última obra de uma década abençoada
do escritor, época que começou em 1998 com Amsterdão
e que inclui ainda Expiação (2001) e Sábado (2006). Todos estes romances são
perfeitos e, se ainda não os leu, faça-o logo que tiver uma aberta, pois quem
fica a ganhar é o ouvinte. E se, no final das leituras, tiver de optar por
classificar o melhor deles, vai ver que lhe será difícil escolher entre Na Praia de Chesil e Expiação.
Na
Praia de Chesil ocupa-se apenas com duas personagens principais e a
história passa-se em meia-dúzia de horas, durante a noite de núpcias dos
protagonistas, sempre no mesmo sítio: Chesil, uma localidade do sul de
Inglaterra virada para o canal da Mancha. Ou seja, McEwan seguiu à risca a
receita, velha de quase três mil anos, do enredo grego e que aconselha concentração
da acção em termos de tempo, lugar e pessoas. Uma tríade muito eficaz para
garantir a intensidade narrativa e, ainda hoje, como se vê, completamente
actual.

Embora passado na noite do dia de
casamento de pessoas que pareciam amar-se ternamente, na Praia de Chesil não tem um final feliz, embora este também não
possa ser classificado como infeliz. É uma história com um fim comum, que ilumina
e sublinha o que tantas vezes sucede na vida real: podemos perder tudo o que
nos é querido por um quase nada.
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