Gosto muito de arroz de polvo, seja
ele seco ou molhado, mas prefiro o molhado e, por essa razão, quando num
restaurante um menu me tenta com esse prato pergunto sempre ao empregado:
“O arroz de polvo é malandro?”
“Malandro” é o termo que se usa no
Norte para arroz que nos é servido a nadar em água e onde os bracinhos do
polvo, apesar de mortos e amputados, ainda podem brincar a que se escondem por
detrás das anémonas do tomate ou das algas da salsa e dos coentros.
Pois no outro dia, penso que foi a sul
do Tejo, perguntei se o arroz era malandro
e a empregada retorquiu com um:
“Como...?”
Lá lhe expliquei, e ela:
“Ah! Aqui dizemos corredio...”
Ontem, em Faro, o mesmo espanto do
empregado perante pergunta idêntica.
“Se é solto”, explicava eu, “se é seco
ou vem com muito molho... Como é que vocês dizem aqui?”
“Caldoso...”, respondeu o homem
puxando de um sinónimo igualmente apropriado.
“Então, é isso mesmo...”, respondi eu,
fechando o menu com assertividade.
Nota: Quanto ao arroz da foto (© Pedro
Serrano, 2012, foto e cozinhado), é de lingueirão, mas não tinha aqui nenhum
retrato de arroz de polvo à mão de semear.
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