Sabendo o que a casa gasta, é de temer
o pior perante os pré-anúncios da não continuação de Joana Marques Vidal como
Procuradora-Geral da República (PGR). Sublinhe-se que, segundo a Constituição e
um acordo, em vigor, de incidência parlamentar firmado pelo PS e pelo PSD, nada
impede que um primeiro mandato do PGR (de 6 anos) seja renovado. Mas será que Joaninha, como era conhecida na
escola primária, tem replicado no exercício do cargo a triste figura e o modelo
de inacção que caracterizaram os seus antecessores – Souto Moura (2000-2006) e
Pinto Monteiro (2006-2012)?
Não, precisamente, a actual PGR quebrou
o arremedo de justiça que evitava incomodar os poderosos, ausência de incómodo
que podia ser garantida pela conta bancária ou pelo estatuto político:
Sócrates (operação Marquês), Salgado (caso BES), Miguel Macedo (vistos Gold),
Tancos; e, os últimos podem ser os primeiros, operação Fizz, nome de código
para o processo que envolve o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente.
Tudo isto que se citou tem a marca de
Joana Marques Vidal, reconheça-se que foi preciso coragem e quando começou a
acontecer nem queríamos acreditar no que os nossos olhos viam. Pois aí tem ela
a paga pela mão dos seus ‘patrões’ actuais: rua, que se faz tarde! É que ficando
na função – argumentam eles anemicamente – pode começar a afrouxar, a amolecer,
com o intuito de se poder perpetuar no cargo e agradar aos que a podem
reconduzir... Mas não tem sido precisamente o contrário?!
Pois, a gente sabe o que a casa gasta
e, desse ponto de vista, é legítimo perguntar aos nossos botões, velcros ou
fechos-éclair: quem se preparam eles para querer eleger? Alguém mais palatável, sem dúvida, talvez mais permeável; que diabo, a
Justiça deve ser cega mas nem tanto... Ou será que, olhado de uma outra
latitude, talvez se pudesse amaciar África com um sinal de fumo desta natureza, anestesiar a violenta reacção do actual presidente angolano contra a alegada
interferência portuguesa? Ou talvez tudo junto, ou ainda faltem peças.
Enquanto aguardo que o tempo revele um
pouco mais do mistério, dou por mim a trautear uma velha lengalenga: Joaninha avoa avoa/ Que o teu pai foi a
Lisboa/ Com um saco de dinheiro/ P'ra pagar ao sapateiro
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