A atitude geral é a do tipo que, boca atafulhada de pregos, os vai espetando, um a um, no caixão, sem se aperceber que é o próprio caixão que prega. De resto, enquanto martela, vai palrando com o interlocutor e tem resposta pronta para tudo, nunca se deixa apanhar num aperto, transparece-lhe no rosto a satisfação por ser assim tão espertalhaço. Uma mãe diria, desvanecida: já em pequeno era assim, tinha as respostas na ponta da língua!
Esta mesma pose é a que transparece na entrevista que dá ao Público em 4 de Março deste ano que corre. No começo da conversa, João Oliveira ainda vai esbracejando na apertada casaca do democrata sensato, reflexivo e equidistante, até reconhece que o que a Rússia praticou na Ucrânia foi uma invasão! (após o tsunami que a posição do PCP desencadeou na opinião pública, tornava-se necessário deitar água na fervura). Mas, no reconhecimento da invasão, não surge nunca uma palavra para censurar Putin ou o Kremlin. Pelo contrário, e à medida que se entusiasma e esquece a contenção que teria jurado a si manter perante os jornalistas, Oliveira vai expondo os tristes ossos do seu dogma sobre o assunto. A saber:
a) A Ucrânia já bombardeava civis no leste do país e isto já no tempo de Zelenskii;
b) O Presidente Zelenskii fartou-se de incorporar nazis nas suas forças armadas (a presença consentida destes nazis é sublinhada três vezes por Oliveira ao longo da entrevista);
c) Os ucranianos estavam a conduzir uma limpeza étnica no Donbass;
d) O regime de Zelenski, para além de nazi, é xenófobo;
e) A revolução de Maidan (praça símbolo do momento em que a Ucrânia, em 2014, se libertou do regime fantoche, imposto por Moscovo) é designada por João Oliveira por "aquilo a que se chamou a revolução de Maidan" e durante a qual ele viu, em videos, "batalhões nazis a vangloriarem-se".
Putin não diria melhor, aliás tudo isto é, por uma pena, o que Putin e o seu regime assassino afirmam todos os dias como justificação para a invasão.
Razão tem Jerónimo de Sousa para exibir um ar crescentemente preocupado sempre que aparece em público. Coitado do homem, deve ter noção que, depois dele, nada vai sobrar do partido: nem deputados, nem dirigentes, nem votos. Com os putativos herdeiros à sua disposição, alegremente atarefados a selar e exibir o caixão, o PCP não vai longe. As causas do óbito resumir-se-ão em frase curta: suicídio por obsolescência.
Uma vergonha. No que respeito à Mãe Rússia, as posições do PCP envergonham. Não entendo que devoção lhe têm, como se o comunismo não pudesse existir sem ela ou os seus ideias co-existir com uma economia livre.
ResponderEliminarBom ler-te. Não sei como não te oferecem uma coluna num jornal independente qq. (Tv porque não exista jornais independentes. Às vezes sou burra).
Seria um problema, pois não sou 'fiel' a ninguém e posso desatar a descascar em todas as direcções... Por isso isto se chama sem compromisso. Quanto aos comunistas, não têm outra miragem, coitados, é como uma espécie de paraíso artificial. Besitos.
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