Recordo a minha surpresa, um fim de dia ao chegar ao quarto, e dar com a banheira cheia de espuma branca, salpicada por pétalas rubras de flores colhidas de fresco.
Nos hotéis indianos acontece isso com frequência encantadora, encontrar sobre a cama, arranjada para a noite, uma composição produzida à base de lençóis de banho ou toalhas: um elefante, um par de cisnes cujo pescoço ondulado desenha um coração, uma flor...
Outras vezes, conforme – suponho – a imaginação do artista (são sempre homens os camareiros indianos, a maior parte deles muito jovens), outras vezes, estava a relembrar, é um arranjo floral ou uma composição que mete fruta. Seja o que for, fez-me hoje, uma madrugada de Sábado em que os pássaros já chilreiam ou arrulham lá fora, acordar e ter saudades de um país em que a esta hora o sol brilha impiedoso e a luz queima tudo quanto mexe, fazendo-nos desejar que a tarde caia e, com um suspiro, penetremos na sombra amiga do nosso quarto, arranjado para a noite.
© Fotografias de Pedro Serrano, Índia. De cima para baixo: (1) Salcete, 2011; (2) e (3) Siquirim, 2012; (4) Mumbai, 2011; (5) e (6) Siquirim, 2012.
Tranquilo...Branquinho
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