Não sei como se chegou àquilo, mas, de
repente, tínhamos Isabel II, rainha de Inglaterra, tranquilamente na nossa sala
de estar, esperando o almoço como o resto de nós.
Eu fora meter gasóleo a uma bomba discount e chegara algo atrasado, mas
reconheci-a mal entrei na sala, apesar de, no seu casaco de malha lilás, parecer
uma velhinha mais pequenina e insignificante do que nas fotografias oficiais ou
nos instantâneos dos tabloides. E ali estava entre nós completamente sozinha,
sem mais nenhum dos Windsors, seguranças ou mesmo alguém da porra do corpo
diplomático! O ambiente era de tal maneira o de um almoço dominical em família
que até tive de dar uma arregadela de olhos à minha irmã Clarinha que,
distraída das convenções, cortava as unhas no sofá da sala! Imagine-se alguma
das aparas, como tanto sucede quando se usa corta-unhas, a voar e a atingir o
real personagem! Era motivo certo para irmos todos parar à Hola pelo mais ignóbil dos motivos.
Finalmente sentamo-nos à mesa e notei
alguns sinais de expectativa no fácies da minha irmã Susana, responsável
(juntamente com a Carla , a sua fiel mulher-a-dias) pela escolha da ementa e
sua confecção. Mas Isabel II, sentada a uma das cabeceiras, mal viu a grande
travessa de alumínio atulhada de amêijoas à Bulhão Pato ser pousada no centro
da mesa, exclamou:
“Oh, I adore bivalves...”
E observando-a durante uns minutos a
comer com apetite, o meu cunhado Gil, sentado à outra cabeceira, ofereceu por
sobre a mesa uma fatia de pão de mistura e aconselhou-a num aparte tímido:
“Experimente só ensopar o pão no molhinho...”
Fotografia: © Blog JóJóJoli.
e que bom que é ensopar o pão no molhinho!
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