O quarto tem quatro janelas, todas dão
para o lago. Aliás, se me resolvesse a saltar por qualquer uma delas cairia
directamente na água, sem necessidade de impulso adicional no salto. Cenário
mais veneziano é impossível imaginar.
Por isso, à noite, as cortinas que as
cobrem (não há portadas ou estores) permanecem puxadas para trás e, deitado na
cama, posso ver ao rés dos olhos a superfície cintilante ao luar. É
reconfortante fazê-lo antes de adormecer e fascinante despertar a meio da noite
e dar conta disso.
Hoje, pelas seis da manhã, acordei com
a suave claridade de uma madrugada ainda tímida e, sabendo que duas horas
depois a luz será brutal, levantei-me para fechar as cortinas. Eis o que,
flutuando no meio das águas, estava diante dos meus olhos.
Agora é um hotel (caríssimo) da
prestigiada rede indiana Taj, mas em 1741 foi construído para residência de
verão do marajá local, aproveitando uma ilha do lago. É que Udaipur, no
Rajastão, em pleno centro da Índia, rodeado de montanhas e com um deserto nas
proximidades, pode ser um inferno de calor e nada como sofrer a canícula no
meio da água.
© Fotografia de Pedro Serrano, Udaipur, Setembro 2013.
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