Vi há pouco um anúncio na TV sobre um
creme hidratante pós-duche que consistia numa jovem mulher, loura e com o
aspecto geral de pão acabado de cozer, a sair de uma gaiola transparente onde
acabara de tomar um banho, a passar o tal creme por um corpo sabiamente
revelado e escondido para poder ser visto em horário nobre e logo, sem
transição, a passar um batom pelos ressumantes lábios e a estender sobre as
unhas uma pincelada perfeita de verniz.
Calculo que, lá em casa, todas as
espectadoras sentadas no sofá estejam nesse momento a pensar em comprar e
experimentar o tal creme logo no dia seguinte e que todos os homens sentados no
sofá se estejam a imaginar na fronteira da porta entreaberta de um quarto de
banho, imiscuindo-se, numa voz progressivamente enrouquecida e fanada, em
prudentes diminutivos: “posso ficar a ver um pouquinho?”, “posso entrar para o
teu duche um instantinho?”; “posso ensaboar-te um pedacinho?”, “posso meter um
bocadinho...?”
Sim, é possível que esteja a generalizar de forma abusiva e que, lá em casa, uma telespectadora esteja a dizer “já experimentei e não gosto nada da fragrância...” ou que um telespectador distraído esteja a sacudir migalhas de batatas fritas da camisola; admito mesmo que, lá em casa, um outro tenha já adormecido no sofá com um telecomando hirto na mão.
Sim, é possível que esteja a generalizar de forma abusiva e que, lá em casa, uma telespectadora esteja a dizer “já experimentei e não gosto nada da fragrância...” ou que um telespectador distraído esteja a sacudir migalhas de batatas fritas da camisola; admito mesmo que, lá em casa, um outro tenha já adormecido no sofá com um telecomando hirto na mão.
Só pode ser solidão!
ResponderEliminarMas nada de desesperos, há mais um dinossauro na Lourinhã!
@ Anónimo, chama-lhe o que quiseres e continua a ler o Público!
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