07 abril 2022

POUCOS MAS BONS!

 

Na corajosa luta contra o colosso russo, uma das poucas armas que vai restando aos ucranianos (sós no processo, pois ninguém anda por lá a morrer por eles) é a palavra, a divulgação internacional da sua tremenda aflição. Parlamento atrás de Parlamento, o presidente ucraniano tem falado para todo o mundo e, quem o ouve, está atento às suas razões, aos anseios do seu país, aos seus pedidos de ajuda.
Chegada a vez a Portugal, fica-se estupefacto ao tomar contacto com a notícia de que meia-dúzia de parlamentares naftalínicos "não acompanham a iniciativa", como metaforicamente o PCP expressa a sua oposição. O PCP que, apertadinho, já caberia num táxi, vem, pela voz da sua líder parlamentar, dizer que não deveria ser permitido a Zelenskii falar à Assembleia, e o primeiro motivo que invoca é rançosamente burocrático: quem está apto a falar no parlamento português são os chefes de estado de visita ao país. Ora o ucraniano não está cá! Anda longe, distraído em ninharias.
Para além disso, continuam os comunistas, deixar o homem falar aos deputados lusos seria um serviço à escalada da violência, à militarização desenfreada, e os comunistas são todos pela pomba branca com raminho no bico. E, já agora e por omissão, por Putin, por Lavrov e pelos outros todos dos arredores do Kremlin, ao que se vai vendo.
Na outra órbita desta estranha realidade, a donzela da ONU manifesta-se diariamente "em choque" com os episódios que lhe chegam de Leste. Um ser lacrimoso, é curto para os tempos que correm.

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