Domingo,
depois da hora do almoço. Ondulava a caminho de casa quando vi atravessar-se-me no
campo visual a seguinte cena:
Havia
aquele prédio virado a norte e no andar do rés-do-chão, numa das janelas que
dava para o passeio estava uma velhota debruçada. A sua interlocutora era uma
mulher de meia-idade que, inclinada sobra a mala aberta de um automóvel extraía
de lá um objecto que – ainda não conseguira eu campo de visão para ver o que
era – já ela louvava.
A
maravilha era um guarda-chuva, daqueles vulgares de Lineu, que
custam entre três e cinco euros em qualquer loja dos chineses. Mas a mulher de
meia-idade abrira-o com um altivo plof de peru, rodava-o, cantava a sua plenitude,
beleza e pechinchice perante a mulher à janela. Esta, esmagada e esvaziada pela
profusão de adjectivos lisonjeiros já proferidos pela outra, sem saber mais o
que acrescentar, mas querendo agradar, acabou por comentar:
“É... tem muita vareta...”
“É... tem muita vareta...”
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