26 março 2015

NÃO VENHAS TARDE: 7. MORNING AS BROKEN

19 de Setembro, manhã
Atenas, agora que a consigo ver em perspectiva aqui do alto, faz lembrar Faro, se a cidade chã que é Faro fosse derramada pelas colinas de Lisboa. A cidade é branca e a perder de vista, trepando as elevações de terreno que a limitam por, no seu crescimento, não lhe sobrar outro remédio. O mar espreita de todos os horizontes. É imensa (a área metropolitana tem dois milhões e meio de habitantes, um quarto da população do país), pontuada aqui e ali por maciços de verde, aquele verde contido e poeirento da vegetação dos climas quentes e secos. Quase se ouve estalar o tempo. Sim, se fosse aqui despejado de olhos vendados e logo que a minha vista se habituasse à luz intensa, reconheceria, apenas pela vibração intuitiva da minha bússola interna, estar na Europa, no sul da Europa e nas franjas do Oriente, pois exala-se aqui um indefinido que... É como a música que ontem à noite subia, encosta acima, da parte baixa da cidade: uma música de toada familiar, com algo das tarantelas do sul de Itália mas já temperada pelas sinuosidades deslizantes da música árabe.
Enquanto escrevo no meu novo caderno de capa idêntica ao azul-ferrete do céu, o Rui, aqui ao meu lado esquerdo, preguiça enfiado no saco-cama. Olho em volta: pinheiros, oliveiras, cedros, maciços de arbustos de folha agreste, e o fusiforme elegante dos ciprestes que aponta para o céu como o fumo de uma queimada. Uma pomba, esculpida em baixo-relevo, parece debicar a casca de um pinheiro que invade o mármore onde pousa.
Fomos acordados por dois polícias que, de apito na boca e vociferando em grego, eram, no entanto, suficientemente explícitos para percebermos o que pretendiam. A Acrópole está já pejada de excursões e de máquinas fotográficas, pelo que é preciso manter a dignidade do local – sem desguedelhados estacionados sob os pinheiros como num acampamento cigano! Nada a contestar, eles foram suficientemente simpáticos ontem à noite quando decidiram deixar-nos ficar aqui e, sendo assim, desfraldados e enrolados os sacos-camas, deixámos o nosso ninho de caruma. O dia começa a aquecer.
Um par de metros mais à frente, reclinada sobre uma rocha sob a qual deveríamos passar, uma aparição loura sorri-nos e diz: “Good morning!”. O nosso aspecto desbragado e estremunhado foi o suficiente para a fazer sorrir ou não foi suficiente para a fazer recear-nos?
Voltámos a encontrá-la uns minutos depois, desta vez ao nível terreno e, armado com um tubo de pastilhas de fruta na mão estendida, dirijo-me-lhe:
– Obrigado pelo seu bom dia...
E estive uns poucos minutos por ali, a dissolver tempo com ela e sem vontade de seguir caminho. Além de linda, tinha uma cativante maneira, pausada e doce, de falar. Contei-lhe (todos os viajantes desta rota acabam por contar antecedentes e intenções) da nossa viagem à Índia e de como tudo começou. Chama-se Viktoria, veio de Frankfurt, via Roménia, passou duas semanas numa das ilhas gregas onde ver o mar e o pôr-do-sol, diz-me, é uma boa maneira de chegar à concentração. Trocámos moradas e prometi que lhe escreveria da Índia, é uma promessa que me apetece cumprir e que cumpriria desde já se tivesse os selos hindus necessários.
Anda um homem a apanhar papéis por entre os pinheiros e diz-me: “Good morning!”
Retornámos às imediações do templo de Hefesto e, após saltar uma vedação, lavámos a cara na duvidosa água histórica de uma bacia de pedra milenar. Gastámos o resto do dia numa viagem inútil à estação central de caminhos de ferro, em busca de horários e bilhetes para a próxima etapa: Istambul. Nada feito, para nos fazer desconto o gajo da bilheteira queria os nossos cartões universitários, coisa que não temos, e, sem isso, a tarifa é demasiado alta para a nossa bolsa. 
É noite e estamos outra vez no cafezinho de ontem, onde só há mais uma mesa ocupada. Comprámos aerogramas, aquelas cartas autossuficientes que, já vindo seladas, se dobram sobre si próprias formando um envelope pronto a enviar, e eram muito usados pelos soldados durante a guerra colonial. Um empregado varre o café sem pressa de terminar. Combinámos ir dormir outra vez na Acrópole, mas em poiso mais distante das grades e da vigilância dos guardas. Acabei de ajustar os vincos do meu aerograma e dou por mim a pensar na alemã que encontrámos de manhãzinha, pousada na rocha como se tivesse descido dos céus com os raios da aurora.   

Nota: Morning As Broken é nome de uma canção tradicional interpretada por Cat Stevens em 1971.

© Fotografias de Pedro Serrano, Atenas, 2014.

22 março 2015

SERVIÇO DE OCASIÃO


Há um espelho com moldura dourada de obra-de-arte nos lavatórios públicos que servem o restaurante e, na recepção, um preçário que categoriza a ocupação dos quartos não somente ao dia mas também à hora.
O Bengo é uma província a norte e a sua capital é o Caxito, uma cidadezita poeirenta cujo símbolo é um crocodilo, distando uns penosos 60 km de Luanda, distância tão dependente dos caprichos do trânsito que pode demorar entre uma e quatro horas a ser percorrida. Nunca se sabe, é escusado ter esperança de que vamos ter sorte, e se os negócios exigem estarmos de forma continuada e cedo no Caxito – a vida oficial em África começa às oito – o melhor é ficarmos a pernoitar por lá.
E ficarmos a dormir por lá significa Hotel Bengo, que outra coisa não há por ali nem nas redondezas. Para além do mais, o tal hotel é contíguo ao recinto onde se encontra o hospital e o centro de saúde, o centro de investigação, precisamente os nossos focos de atenção. E, ainda do lado das vantagens, sabíamos de viagens exploratórias anteriores, o hotel era o único local da cidade que, graças a gerador próprio, mantinha energia eléctrica quando ela faltava, o que acontecia diariamente ou quase. Que cabaz de vantagens para quem, como nós, dependia de computadores para quase pensar, para quem aguentava mal o forno que é o Caxito sem ar condicionado.
Desta vez o meu quarto dá para uma mangueira e, se à noite vou espreitar por trás da cortina, o meu olhar entretém-se com os morcegos que volteiam em torno dela, cativados pelo odor doce das mangas. Vampiros vegetarianos, onde já se viu! Nem pensar em abrir a janela a esta hora tardia, não por causa dos morcegos mas por causa dos mosquitos que, esses sim, são vampiros e mantêm a broca da tromba carregada de malária. Há que viver abafado, o ar condicionado é fraco, talvez tomar um banho... A casa de banho tem uma janela, se me empoleirar em cima da sanita consigo espreitar o pátio lá em baixo e ver de esguelha uma galinha que passa seguida dos seus três pintos. Há um lavatório e um polibã que me encheu de ânsias até o experimentar. É que, não sei se estão a ver, o Caxito é uma cidade cheia de pó: as ruas não são asfaltadas e a zona é passagem para as colunas de camiões chineses que vão a norte buscar a brita com que se asfalta as auto-estradas, em construção epidémica por todo o país. Centenas, milhares de camiões, passando o dia inteiro, como se estivéssemos numa guerra mundial e os asiáticos já tivessem tomado conta de tudo com as suas faces alheias e impassíveis. À noite estará tudo coberto de poeira, se ainda viesse uma chuvada para limpar aquilo, mas as nuvens vogam, obstipadas, sem um ai, acabam por abafar ainda mais a circulação de ar... Os lençóis da minha cama ostentam uma permanente tonalidade cinzento-enxovalhado, sinto-me amortalhado só de pensar em deitar-me ali, nunca me dispo na totalidade, pouso a cabeça na almofada com enojada prudência quando desligo a luz, nunca a pousar antes de extinguir a luz amarelada do candeeirinho. Ontem, quando entrei no quarto e liguei o aparelho de ar condicionado, a tira de plástico abriu-se e uma enorme barata saiu disparada por ali fora a esbracejar, estremunhada pelo mecanismo automático no seu poiso... Hoje, não vi ainda nenhuma por aqui; talvez mais logo.
Vou tomar uma chuveirada, já decidi; talvez arrefeça um pouco e fique com a ilusão de maior higiene corporal. Mens sana in corpore sano, acho que é assim o dito, não tenha a certeza como se escreve, está tanto calor que mal consigo pensar... Mas aquilo acaba sempre mal: a base do polibã está apenas ali para fins estéticos e o buraco de saída da água não está ligado a nenhum esgoto, de modo que toda a água gasta será devolvida ao chão que pisaremos a seguir e transformar-se-á num mar de lama na alegre mistura com o pó que nos cobria, que já cobria tudo. Nem o lavatório me dá a paz que a vista, o som e o uso de água sempre propiciam... Propiciam... Faço a barba seguindo o método do salto atrás, isto é: o lavatório não tem tampa, devo manter um fio de água a correr para ir limpando a lâmina, embebendo o pincel na espuma, mas o ritmo da água – fria, pois não há nunca água quente, embora esteja anunciada – é intermitente como o pulsar do gerador que a propulsiona. Ora agora corre um fio, ora agora dá-se um estertor nos canos e a água seca na torneira, ora agora ouve-se um gorgolejo e um jacto súbito ataca e esparrinha-me como uma cobra cuspideira.
“Está com um ar cansado, Pedro, dormiu mal?”
Isto é ao pequeno-almoço, na tal sala cujos lavabos tem um espelho de talha dourada. Enquanto cirandamos em torno da mesa onde está exposto o buffet, as fatias de queijo transpiradas afundadas nas ondas de cetim rosa ou azul-bebé com que os designers angolanos apreciam revestir as mesas da restauração colectiva; enquanto cirandamos em torno da mesa, dizia, M., já toda energizada de fotovoltaico pela luz da manhã, conta-me a sua recente aventura no balcão do bar.
“Acordei cedo, apeteceu-me um café... Pedi-o à rapariga que se arrastava por trás do balcão... ’Não há café, senhora’..., respondeu-me ela, e eu a ver a máquina, já ligada e tudo... Como não há café, perguntei, estou ali a ver a máquina, acesa, o pacote do pó, as chávenas...”
“Não há açúcar, o homem que tem a chave do armário do açúcar ainda não veio...”
“Não faz mal, eu tomo sem açúcar; não uso açúcar...”
“Ah, mas não dá ainda, senhora, só mais logo...”
Não podia deixar M. divertir-se sozinha, de modo que passei a contar-lhe as minhas idiossincrasias da véspera, logo a seguir a chegarmos e quando tentava desarrumar a mala:
“Sabe o que encontrei na gaveta do meio da cómoda? Um resto de uma sandes de fiambre: devia estar ali há tanto tempo que o fiambre estava cinzento, com uma ourela esverdeada a toda a volta e fiapozinhos, brancos como algodão, a nascer do pão...”
“Teve mais sorte do que eu”, retorquiu ela sem se deixar vencer, “ainda conseguiu abrir gavetas... As minhas não as consigo sequer abrir pois batem no guarda-fatos dois centímetros depois de entreabertas... Estes tipos não terão alguém que lhes transmita a noção das distâncias?”
“Acho que o dono disto é cubano...”
E continuamos alegremente a comparar experiências em volta dos ovos estrelados a quem eu ia escarafunchando a gema com uma acha de fiambre, laminada com a espessura de uma porta anti-incêndio.
“Você reparou no catálogo de preços do quarto? Viu aquela discriminação segundo o tempo de ocupação, a que eles chamam serviços de ocasião...?”
“Vi, e até já encontrei alguns vestígios arqueológicos disso... Sabe aqueles tapetes felpudos que há de cada lado da cama? Pois nas fibras do meu estava incrustado um pedacinho de borracha translúcido, com um ar pegajoso...”
“Ai, Pedro, esteja calado, que até fico sem apetite...”, comentou ela com um ar de radioso divertimento... Olhe, vou pedir um café, quer que lhe peça um também? Temos de ir andando...”
Não quis, ainda estava às voltas com uma posta de fiambre. M. demorou a regressar com a chávena do expresso, esteve ali pelo balcão uns minutos a argumentar com o rapaz que tinha a chave do açúcar e que entretanto tinha chegado. Quando se sentou, uma luz de novidade iluminava-lhe a face.
“Você, não vai acreditar... Ontem tomei aqui um expresso por 80 kuanzas e foi aquele mesmo que mo serviu. Hoje, quando lhe queria pagar, disse-me que eram 100 kuanzas! Desmascarei-o logo, disse-lhe isso mesmo: como era possível ter-lhe pago ontem 80 kuanzas e hoje ele levar-me 100... Você sabe o que é que ele me respondeu, logo, sem pestanejar?!”
Não sabia, mas ia ficar a saber.
“É que o de hoje estava mais cheio, senhora...”

© Fotografias de Pedro Serrano, Caxito (Bengo), Angola: (1) Fevereiro 2008; (2) Julho 2008; (3) Janeiro 2009.



19 março 2015

NÃO VENHAS TARDE: 6. À SOMBRA DA BATEDEIRA ELÉCTRICA

Os efeitos da batedeira fizeram-se sentir por aproximadamente três dias, depois disso os sorrisos murcharam e acabaram-se os refrescos, a melancia, e as cigarettes com que fomos hospitaleiramente acolhidos em casa da família Joαηηoμ nessa primogénita manhã em Atenas. Sala de estar de estores subidos para nos receber e lá fora o dia, para já rosado como os cubos de melancia gelados que nos servem, anuncia-se quente. Para os visitantes os melhores copos do louceiro onde foi vertido uma espécie de mazagran frappé que nos revitalizou a dormência de uma noite mal amanhada. Uvas.
A mãe do Nikolas é uma senhora muito simpática e a total incapacidade em dizer uma para a caixa em inglês é submergida pela transbordante sensação que transmite de ser capaz de acolher num abraço o mundo inteiro, isto apesar da neurose de guerra de que sofre e a que todos se referem com naturalidade  – durante a segunda guerra mundial os gregos foram bem maltratados pelos alemães que ocuparam o país e tudo quanto era casa de família em Atenas, obrigando os proprietários a dormir na cozinha e a assumir o papel de seus criados. Quanto às mulheres da família estamos falados, pois as irmãs do Nikolas são bastante feiosas.  
O pai, por outro lado, tem uma loja de souvenirs no bairro Monastiriki, um local do centro antigo de Atenas que faz lembrar a Rua Cimo de Vila, no Porto, e acomoda uma feira-da-ladra permanente. É para aí que, já passava das nove da manhã, nos dirigimos, deixando as mochilas à guarda do ramo feminino dos Joαηηoμ. Na loja, atestada de azulejos e reproduções, com a costura do molde, do Discóbolo, da Vitória de Samotrácia, da Vénus de Milo, das Cariátides, expõem-se alguns outros objectos que estariam melhor nas redondezas do Vaticano. Mas a antiguidade também já foi há tanto tempo, quem irá dar conta ou queixar-se destas pequenas incongruências?
Depois de subida a porta de correr em chapa ondulada, o Sr. Joαηηoμ manda buscar-nos cadeiras e refrescos e ali ficámos os dois sentados a um canto da loja como se fossemos clientes especiais, sob a protecção das prateleiras onde deuses laureados e ninfas engrinaldadas se repetem no laranja e negro das urnas gregas.
A recepção triunfal não incluiu convite para dormir em casa dos novos amigos, pelo que, a nosso pedido, Nikolas se ofereceu para nos acompanhar a uma agência de estudantes, à procura de quarto. Achámos tudo muito caro e embora a quantia de 175 dracmas por pessoa (75 cêntimos, uns 7 euros por padrões de hoje) possa parecer ridícula, era forçoso que mantivéssemos o cinto apertado. Decidimos dormir ao ar livre e a decisão, juntamente com uns pés trucidados por um par de botas de cano alto e um clima acima dos trinta graus, contribuiu para que me arrastasse, descalço e deprimido, pelo cimento quente dos passeios de ruas que não se consegue perceber quais são, pois tudo está escrito nuns caracteres que nos fazem pasmar para as placas como para compêndios de matemática ou física! E, depois, quase ninguém fala inglês ou francês.
Desistimos de deambular num enorme jardim por trás do edifício do Parlamento onde adormecemos sobre a relva, ao sol, depois de lançarmos o I Ching. A pergunta “o que fazer: continuar já viagem ou manter-nos por aqui, a ver no que dá?” obteve como resposta um hexagrama que nos diz que o mais sensato é estarmos quietinhos. Assim ficámos, até que um polícia nos acordou e mandou mudar de poiso pois é proibido pisar a relva.
O sono dissipou as mágoas e acabámos a tarde a escrever postais para casa e para os amigos num pequeno café com vista para o templo de Hefesto, o que não deixa de ter alguma carga simbólica, pois, para além de deus do fogo e ferreiro dos deuses, Hefesto era manco, que é como eu estou à custa das bolhas que me abrasam os pés e coxeiam o andar. Mas agora não penso nisso, a frescura do chão de mosaico hidráulico do café é um bálsamo para a sola dos pés e o ambiente sossegado, em que o único som é o ruído das peças de dominó a serem movidas no mármore das mesas, potencia o efeito calmante. Ao fundo do cenário, sobre o enorme penhasco escalavrado, a Acrópole espera por nós, pois é aí que decidimos ir dormir esta noite.
Esta ideia romântica de nos acostarmos à protecção marmoreada e milenar do Partenon ou, quiçá, das colunas femininas do Erecteion, evaporou-se quando, esbaforidos, chegámos ao cume da colina pedregosa onde a Acrópole foi edificada: o acesso a tudo aquilo é negado por uma alta e sólida vedação em metal! Raios partam o progresso!
Não importa, ficaremos o mais próximo do que é humanamente possível da morada  dos antigos senhores de Atenas. Do lado de fora da vedação o terreno está plantado de pinheiros mansos e o chão atapetado de caruma. Estendemos os nossos sacos-camas e deitámo-nos na noite cálida, escutando o som da música e os ruídos amortecidos que  chegam da cidade lá em baixo. Fumámos um cigarro em silêncio e os olhos começam a pesar-me de bem-estar.

Curto repouso e encanto! Dois guardas, do lado de dentro da vedação, deram pela nossa presença e varrem-nos com potentes lanternas. Ficamos à espera de tudo: um tiro, prisão por vagabundagem, expulsão do país... Nada disso, foram-se sem dizer palavra. Voltaram pouco depois, repetiram a iluminação anterior e desapareceram. Acho que tinham decidido que não constituíamos perigo imediato para o património da humanidade e que nos podiam deixar dormir em paz. Mas dormir aqui é mais difícil do que o suposto, agora foram os mosquitos que nos descobriram. Tento esquecer o calor (os sacos-camas, tal como as botas e o kispo são quentes de mais para este clima), tento abstrair-me dos zumbidos: aqui não é como no meu quarto do Porto, onde podia levantar-me e colar mosquitos à parede numa guerra de almofadas!
© Fotografia de Pedro Serrano, Acrópole (Atenas), Grécia 2014.