Quando você gritou Mengo!
no segundo gol do Zico
tirei sem pensar o cinto
e bati até cansar.
Três anos vivendo juntos
e eu sempre disse contente:
minha preta é uma rainha...
João Bosco/Aldir Blanc ("Gol Anulado", 1976)
O jornal mais popular em Cabo Verde é o Expresso, um diário apregoado desde manhã cedo nas ruas. O número de 6 de Abril, uma quarta-feira cheia de sol, trazia uma reportagem intitulada Violência baseada no género: sociedade ainda não está habituada e, da sua leitura, colhi estranhos ensinamentos no texto do inquérito levado a cabo junto das mulheres cabo-verdianas.
Por exemplo, os inquiridores consideraram violência moderada o “deu-lhe pontapés”, o “bateu-lhe a soco com qualquer objecto que podia cortar” e o leitor só vem a perceber a razão desta categoria de agressão ser considerada moderada quando mergulha na descrição dos itens da violência física severa, onde constam joias comportamentais como: “ameaçou-lhe com faca” ou “tentou estrangular-lhe ou queimar”.
Finalmente, na violência sexual, para além do clássico “forçou fisicamente a ter relações sexuais”, encontra-se um enigmático “obrigou-lhe a praticar outro tipo de actos”, item que deixa em polvorosa as imaginações mais prodigiosas.
© Fotografia de Pedro Serrano, Mumbai (Índia), 2011.
Elis Regina, "Gol Anulado" (João Bosco/Aldir Blanc, 1976)
muito a propósito da recente discussão levada a cabo em pleno teatro de mértola com nova juventude, no dia 4 de Abril, aberta pela apresentação da peça NUMEIO de Filipa Francisco e Bruno cochat no âmbito do Porjecot Dansul. Em sintonia, ainda é preciso feminismo e felizemente tem homens deste lado também.
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